Folha de São Paulo - A presidente Dilma Rousseff planeja usar a reforma ministerial em
estudos no governo para ampliar sua exposição no rádio e na televisão na
campanha do ano que vem, quando disputará a reeleição.
Os conselheiros políticos de Dilma definiram como um dos pilares de sua
estratégia eleitoral assegurar metade do tempo previsto pela legislação
para a propaganda dos candidatos no rádio e na TV.
Dilma pretende ter a seu lado uma coalizão inédita, formada por 12
partidos que podem garantir a sua campanha pouco mais de 12 minutos em
cada bloco de 25 minutos de propaganda, ou 49% do total. Quatro desses
12 minutos poderão ser assegurados com a adesão de quatro siglas
partidárias que devem ser contempladas com cargos na reforma
ministerial, que Dilma promete anunciar até março.
O PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, que já tem um
ministério, o PTB, que tem um posto em uma das vice-presidências do do
Banco do Brasil, e o PP, que controla o Ministério das Cidades, querem
ampliar seu espaço no governo. Outro partido que poderá ser atraído ao
bloco é o recém-criado Pros, do governador do Ceará, Cid Gomes, e de seu
irmão, Ciro Gomes.
Na avaliação da cúpula do governo, o domínio do palanque eletrônico dará
a Dilma uma enorme vantagem. Seus dois adversários mais prováveis, o
senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo
Campos (PSB), são pouco conhecidos e terão pouco tempo para se
apresentar ao eleitor.
Se conseguir o que quer, Dilma será a candidata a presidente com maior
exposição no palanque eletrônico na história do país. O dono do recorde
atual é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, reeleito em 1998 com
47% do tempo total de televisão.
De acordo com a legislação eleitoral, a divisão do tempo de propaganda é
proporcional ao tamanho das bancadas dos partidos na Câmara dos
Deputados. Em 2014, os programas do horário eleitoral serão exibidos de
19 de agosto a 2 de outubro, três dias antes do primeiro turno.
AGENDA
A segunda vantagem de Dilma, dizem seus estrategistas, será poder fazer a
campanha sem deixar a cadeira presidencial. Sua agenda privilegiará
inaugurações e eventos de programas federais como alavanca de votos.
Eventos de campanha explícitos serão restritos a fins de semana e
horários fora do expediente. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, padrinho político de Dilma, pretende rodar o país a partir de
março, atuando como uma espécie de dublê da candidata à reeleição.
Nos bastidores, articuladores de Dilma afirmam que, apesar dessas
vantagens, ela precisará entrar na corrida "olhando para frente" e
"acenando para o futuro", para se contrapor a seus adversários, que
deverão se apresentar aos eleitores como novidade.
O desafio da presidente será convencer o eleitorado de que um segundo
governo Dilma será melhor que o primeiro. Como o presidente do PT, Rui
Falcão, resumiu em evento recente do partido, é o "fiz, faço e farei,
mais e melhor".
Entre os obstáculos que o Palácio do Planalto mais teme, estão a
inflação e a volta dos protestos de rua com a Copa do Mundo. Como a Folha
informou há uma semana, o governo estuda medidas para evitar que a Copa
alimente manifestações contra o gestão no prelúdio da eleição.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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