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quarta-feira, 11 de março de 2015

Empresários cobram R$ 70 mi de dívidas ao Inframérica e ameaçam interditar aeroporto


Aeroporto-de-Sao-Goncalo--WR--(174)

Quem vê o Aeroporto Internacional Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, em pleno funcionamento e operação, não imagina o problema que várias empresas que trabalharam na obra do terminal estão passando. Segundo denúncia de um grupo de empresários contratados pelo consórcio Inframérica – responsável pela construção e administração do aeroporto – parte dos serviços acordados durante a obra de construção do empreendimento ainda não foram pagos e a dívida já ultrapassa impressionantes R$ 70 milhões.
Representantes de diversas empresas prejudicadas estiveram reunidos na manhã desta terça-feira (2) para discutir o que pode ser feito para que a Inframérica pague a dívida. Estima-se que o consórcio tenha firmado contrato com pouco mais de 60 empresas de diversos setores de atividade e todas elas têm contas a receber pelos serviços prestados.
Na reunião de hoje, doze empresários se uniram e ameaçaram interditar a entrada e saída do aeroporto caso o consórcio não sinalize quando e como os pagamentos serão efetivados. O débito de R$ 70 milhões junto aos credores se refere aos últimos meses de serviço que antecederam a inauguração do terminal de passageiros, no dia 31 de maio. Há empresas que estão sem receber desde o mês de março deste ano.
“Iremos causar tumulto e podemos chegar a atrapalhar as atividades no aeroporto, até que o consórcio Inframérica garanta o nosso pagamento. Lutaremos para receber nosso pagamento porque não podemos mais ser enrolados”, declarou o diretor de uma empresa de alimentos, sem querer se identificar para a reportagem.
Essa empresa de alimentos, com sede em Natal, era a responsável por fornecer as refeições de todos os operários envolvidos nas obras do aeroporto. Segundo o diretor, eram entregues duas mil refeições por dia no canteiro de obras. “A Inframérica deve mais de R$ 2 milhões só à minha empresa”, disse. “O pagamento estava sendo feito normalmente, mas faltando dois meses para a inauguração eles pararam de pagar, inauguraram e não disseram mais nada a gente”, declarou.
O último contato da Inframérica com essas empresas foi feito através da assessoria jurídica do consórcio, na quarta-feira da semana passada. Entretanto, algumas das empresas chegaram a receber propostas ilusórias de negociações, as quais não foram possíveis de ser negociadas.
Um empresário do ramo de construção civil que esteve nessa reunião de hoje disse que a dívida do consórcio com sua empresa gira em torno de R$ 2,4 milhões e a Inframérica propôs uma negociação no valor de R$ 200 mil, a ser pago até dezembro deste ano.
“Nós trabalhamos por isso e queremos receber tudo, com a garantia de que o pagamento irá sair. Se não houver uma negociação viável nos próximos dias, temos que agir de alguma forma”, disse, também sem querer se identificar.
Outro denunciante prejudicado no contrato, que ficou responsável pela construção da fachada e aplicação de vidro em alguns ambientes do aeroporto, alegou que precisa receber cerca de R$ 4 milhões e as negociações apresentadas pelo consórcio, via e-mail, não foram satisfatórias.
Fontes d’O Jornal de Hoje revelaram que, diante da ausência do pagamento dos serviços, a maioria das empresas preferiram parar as atividades para que o prejuízo não se tornasse ainda maior. Essa condição imposta pelos empresários teria feito com que a Inframérica contratasse outras empresas para darem continuidade ao que ainda está parado. Desde a inauguração do Aeroporto de São Gonçalo, muitos serviços continuam inacabados.
Nota à imprensa
A reportagem d’O Jornal de Hoje procurou a assessoria de imprensa do consórcio Inframérica, com sede em São Paulo, questionando sobre a dívida milionária com as empresas terceirizadas. Por meio de nota, o consórcio alegou que teve que “rever investimentos” devido à necessidade de antecipação da obra e do não recebimento da taxa de embarque dos passageiros.
Confira a nota na íntegra: “O Consórcio Inframérica esclarece que, por conta do esforço em antecipar a obra em 7 meses e do não recebimento da taxa de embarque até esta data, o consórcio teve que rever investimentos e está, ao longo dos próximos dias, readequando o cronograma de pagamentos junto aos fornecedores”.

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