Embora as ondas sísmicas de terremotos sejam mais conhecidas por
suas capacidades destrutivas, nas mãos dos geólogos elas podem ser poderosas
ferramentas de descoberta. Uma equipe de pesquisadores da Universidade de
Illinois usou as ondas geradas por terremotos para examinar mais de
perto o núcleo interno do nosso planeta, e o que eles encontraram lá foi uma
grande surpresa. Parece que há um outro núcleo no interior do núcleo interno
que mede cerca de metade do seu diâmetro.
O que demarca este “núcleo interno-interno” é que os cristais de ferro que ele contém são orientados em um eixo leste-oeste, ao contrário dos cristais de ferro no “núcleo exterior-interior” que se organizam ao longo de um eixo norte-sul, conforme a imagem abaixo exemplifica.
“O fato de que nós temos duas regiões que são distintamente diferentes
pode nos dizer algo sobre como o núcleo interno evoluiu”, Xiaodong Song, um
professor de geologia na UI, que trabalhou no projeto com o pesquisador Wang
Tao, disse em um relatório sobre os resultados. “Por exemplo, ao
longo da história da Terra, o núcleo interno pode ter tido uma mudança muito
drástica em seu regime de deformação. Ele pode ser a chave para a forma como o
planeta evoluiu.”
Embora vários componentes do núcleo interior tenham sido sugeridos
antes, esta é a primeira vez que a diferença de polaridade foi observada. “De
fato, a estratificação do núcleo interno tem sido sugerida mais de 10 anos
atrás, tanto em profundidades rasas do núcleo interno quanto em partes mais
profundas do mesmo,” Song disse.
Se toda essa conversa interior e interior-interior parece confusa,
talvez uma rápida revisão em geologia seja necessária. A Terra é composta
por três camadas: a crosta em que vivemos; o manto, a camada de rocha
líquida; e o núcleo. O núcleo é composto por um núcleo externo líquido que
contém principalmente níquel e ferro, e um núcleo interno sólido composto
principalmente de ferro. Mesmo o núcleo interno é ainda mais quente do que os
seus arredores, e com a intensa pressão no centro da Terra, o núcleo interno é
incapaz de derreter e permanece sólido.
E agora podemos adicionar outra camada de composição ao nosso
planeta: o núcleo interno do interno, que ainda é de ferro sólido, mas tem
uma polaridade diferente do que o rodeia.
Para fazer a descoberta, os pesquisadores contaram com sensores
sísmicos que captam as ondas que penetram o planeta após um terremoto intenso,
conhecidas como coda do terremoto. [Nature]
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