Quando João Doria passar por São Paulo, talvez não perceba, mas seus apoiadores estarão em menor número. Sua base eleitoral esfarinha aos poucos e sem cessar. O que é perceptível até pela diminuição de espaços e tempo que o projetam nos jornais e TV. Sem indício algum de que o desejo de se fazer conhecido resulte em mais notoriedade sua, por aí afora, do que em decepção do seu possível eleitorado. A agenda de Doria para a semana previu sua presença nesta quinta (26) em Aracaju e sexta (27) em Maceió. Para o que pode obter por lá, bastaria ir a quase qualquer um dos municípios paulistas.
Henrique Meirelles, posto diante da realidade de que a presunção e promessas de êxitos no comando da economia não se cumprem, passou-se para o caminho da salvação. Não a da alma. A do mais terreno voto: as igrejas evangélicas e sua comprovada potência eleitoral. Neste caminho, porém, outra ambição neófita busca converter o seu conceito para o de pessoa confiável também pelo eleitorado civil, que sempre desprezou. Meirelles e Bolsonaro estão em disputa entre si.
Jair Bolsonaro, o ex-tenentinho que planejou explodir as entradas de água potável no Rio, pensou que fazer falas de bom moço nos Estados Unidos desse à sua imagem, aqui, alguma dubiedade brasileira. Azeitada, em seu caso, com a evidência de filiação ao americanismo mais vulgar. Mas, entre outras cabeçadas agora sem capacete, oficializou a sujeição dando Trump, o abominável, como sua inspiração. Nem a direita mais monetária gostou.
Luciano Huck não vai nem fica. Não sabe que, em política, ir inclui a possibilidade de desistir com uma desculpa, e até mesmo na excepcionalidade de uma explicação honesta. E protelar decisão, além de sugerir inseguranças, quase sempre leva a perder oportunidades. Logo aparecerá outro aventureiro a comprovar a meia verdade de que em política não há espaço vazio (exceto Lula, nenhum político à esquerda pode empregar tal conceito). Existe, ainda, a velha crítica: “…viu o cavalo passar e não montou”. O DEM já confirmou essa tradição: mal iniciou conversações com Huck, “desistiu dele, porque em três encontros não decidiu se quer ou não quer”.
Nenhum dos quatro novatos da “renovação” (Bolsonaro pensa que é político veterano, sem jamais ter ido além de agitador de extrema direita) mostrou ainda ao que vem. Têm, em comum, o traço básico de serem portadores do desejo inconfessável de que Lula seja candidato. Por serem, todos, pretensos candidatos gerados na visão oportunista de que representar o anti-Lula é uma chance eleitoral como nenhuma outra. Em boa medida, suas candidaturas de direita e a candidatura de Lula são uma coisa só.