Esta é a segunda tentativa de José Dirceu de obter autorização para sair da prisão e trabalhar
O ex-ministro José Dirceu (PT-SP) apresentou à Justiça um novo pedido para trabalhar fora da prisão. Conforme petição enviada à Vara de Execuções de Brasília, ele teve uma oferta de emprego do escritório do advogado José Gerardo Grossi.
Grossi afirma que quer contratar o petista por um salário de R$ 2.100 para cuidar da biblioteca de sua banca. Um dos mais renomados profissionais de Brasília, ele é amigo de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e tem bom trânsito na corte.
Em carta enviada ao advogado de Dirceu, José Luis Oliveira Lima, Grossi diz: “Acaso consentido o trabalho para seu cliente, em nosso escritório ele se encarregará da organização e manutenção da biblioteca jurídica, da eventual pesquisa de jurisprudência e de colaboração na parte administrativa”.
O horário de trabalho, ainda de acordo com a correspondência, “é corrido, de 8h às 18h”. José Dirceu disporia também de tempo para almoçar, “entre 12h e 14h, alternadamente”.
Aos 81 anos, Grossi já atuou profissionalmente em alguns dos mais notórios escândalos políticos do país. Ele defende, por exemplo, o deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) na ação penal 536, que trata do chamado mensalão do PSDB.
Acompanha, a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inquéritos que investigam acusações de que ele estaria envolvido no mensalão do PT.
Advogou para o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda no caso do mensalão do DEM e para o ex-senador Antônio Carlos Magalhães, morto em 2007, no escândalo da violação do painel do Senado.
Na década de 90, Grossi defendeu Eduardo Jorge, ex-secretário-geral de Fernando Henrique Cardoso. E também Chico Lopes, ex-presidente do Banco Central do mesmo governo de FHC.
Esta é a segunda tentativa de José Dirceu de obter autorização para sair da prisão e trabalhar. No começo do mês, o petista apresentou à Justiça uma oferta de emprego em que receberia R$ 20 mil para trabalhar como gerente do hotel Saint Peter, em Brasília.
O pedido causou polêmica porque o petista receberia onze vezes mais do que a gerente-geral do estabelecimento, que tem salário de R$ 1.800 na carteira de trabalho.
Além disso, a empresa que administra o Saint Peter, sediada em um paraíso fiscal, era dirigida por um laranja. Dirceu acabou desistindo do emprego, e acusou a mídia de submeter os donos do hotel a um linchamento para prejudicá-lo.
COLÔNIA
Dirceu foi condenado a 7 anos e 11 meses pelo crime de corrupção ativa e por isso cumpre pena no regime semiaberto. Segundo o Código Penal, têm direito ao semiaberto presos não reincidentes condenados a mais de quatro anos de prisão e menos de oito anos.
Em tese, os presos devem trabalhar em colônias penais ou agrícolas ou em estabelecimentos similares, mas também é possível estudar e trabalhar fora da prisão, se o juiz assim o permitir.
Fonte:FSP
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