Sem estudar desde 2006, quando concluiu o ensino médio, Helder conseguiu ser aprovado na Universidade Federal do Ceará. (FOTO: Arquivo pessoal) |
2014
será o início de um novo caminho para Helder Marques. Após viver a
experiência de morar na rua, o mineiro de 28 anos decidiu dedicar-se aos
estudos após passar seis anos fora das salas de aula e foi aprovado em
4º lugar pelo sistema de cotas para o curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Apesar das dificuldades enfrentadas, Helder encontra motivação:
“Existem pessoas que têm tudo na vida, como livros, computador, pais
que ajudam financeiramente, e mesmo assim não valorizam. Eu só tinha os
livros da biblioteca e apenas uma hora disponível para acessar à
Internet, então eu aproveitava ao máximo.”, explica.
Trajetória
Com
a intenção de conquistar sua independência e crescer na vida, ele saiu
de Montes Claros, interior de Minas Gerais, em 2011, e foi para
Brasília. Logo conquistou um emprego em uma empresa de Marketing, na
qual desempenhava a função de apresentar o plano de negócios da empresa e
recebia sua remuneração por produção.
No
ano seguinte, Helder foi transferido para Fortaleza, local onde
enfrentou dificuldades para trabalhar, pois a empresa mudou algumas
normas e dificultou a venda do produto, com isso, sabia que não iria
conseguir se sustentar por muito tempo.
Três meses depois, Helder já não tinha mais renda para pagar aluguel e se alimentar. O momento difícil, marcou a sua vida: “Quando você se vê sem dinheiro, nas ruas dá um desespero muito grande.”
Depois
quatro dias morando na rua, Helder buscou ajuda e, por meio de uma
assistente social, em outubro de 2012, foi encaminhado ao abrigo mantido
pela Comunidade Católica Shalom. “Fui recebido com muito carinho pelos
funcionários e isso me deixou feliz. Aqui tenho cinco refeições por dia,
posso trabalhar na fábrica de vassouras e ajudar na renda da casa, além
de ter acesso à biblioteca, o que me ajudou muito para ser aprovado no
vestibular.”, comemora.
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Estudos
Como
não tinha recursos para pagar um professor particular ou cursinho,
Helder teve que estudar sozinho. “Eu pensei: se eu estudar todos os dias
e aumentar gradativamente o grau de dificuldade posso sim ter o
conhecimento necessário para ser aprovado. É uma questão de disciplina”.
Helder Marques estudou sozinho e chegou a dedicar até 10 horas por dia aos estudos. (FOTO: Arquivo pessoal) |
No
início, ele dedicava duas a três horas aos estudos, depois aumentou o
ritmo com quatro a cinco horas diariamente, até conseguir o seu máximo,
nos dias de folga, 10 horas de estudo em um único dia. Porém, não esqueceu o lazer. Apaixonado por jogo de xadrex, também dedicava seu tempo livre para caminhar na praia e ir até a capela pedir força a Deus.
Usando
avaliações de edições anteriores do Enem, o estudante marcava o
horário, em dias seguidos, conforme a aplicação da prova, para simular o
ambiente que o possibilitaria entrar na universidade. “Eu fazia entre 50 a 60 questões por dia, dedicando apenas 2 minutos e 40 segundos para cada questão
com o intuito de manter a resistência até o dia da prova.” explica. No
dia da prova, mesmo nervoso, o estudante sentia a motivação pois
reconhecia a importância da prova. Dedicou um ano aos estudos e sabia
que aquela era a sua oportunidade para mudar de vida.
No
dia 13 de janeiro, quando acessou o site do Sistema de Seleção
Unificada (Sisu) para ver o resultado reconheceu que todo esforço valeu a
pena. “Passou um filme na minha cabeça. Pensei nas pessoas que
enfrentam dificuldades e, como eu, não tinham mais esperança.”, conta,
emocionado.
Para 2014,
Helder deseja conseguir um estágio, ser um bom profissional, conquistar
uma bolsa de pesquisa e uma vaga na residência universitária. “Eu
aprendi que tudo é possível ao que crê. Eu acredito. Quem acreditar e se
esforçar, também irá conseguir.”
Serviço:
A
Casa São Francisco, que possui 50 abrigados, é mantida por doadores da
Comunidade Católica Shalom e pela renda gerada por meio das atividades
dos internos. Para ajudar com doações ou voluntariado, pode ir até a
instituição ou doar em sua conta bancária:
Rua Conselheiro Tristão Nº138, Centro – Telefone: (85) 3252-3530
Banco do Brasil – Agência 1369-2, Conta Corrente 7399-7, CNPJ: 03.038.431/0001-35
Banco do Brasil – Agência 1369-2, Conta Corrente 7399-7, CNPJ: 03.038.431/0001-35
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